Chacina da Praça da Bandeira completa 75 anos: ferida histórica ainda viva em Campina Grande
Em 9 de julho de 1950, um comício eleitoral terminou em tragédia no centro de Campina Grande, deixando três mortos e dezenas de feridos após um confronto entre militantes e a Polícia Militar.

Conhecida por sua intensa politização, Campina Grande viveu, há 75 anos, uma das páginas mais trágicas de sua história política. No dia 9 de julho de 1950, um comício da União Democrática Nacional (UDN), em apoio à candidatura de Argemiro de Figueiredo ao governo da Paraíba, terminou em violência, resultando na morte de três pessoas e em mais de 20 feridos graves.
A mobilização começou no bairro Santa Terezinha e seguiu em passeata até a Praça da Bandeira, onde lideranças como Joacil de Brito, Ivandro Cunha Lima, Ernani Sátiro, João Agripino e o próprio Argemiro discursaram diante de uma multidão.
Após o evento, militantes da Coligação Democrático Paraibana (PSD/PTB), que apoiava José Américo de Almeida, ocuparam o palanque e iniciaram provocações. A disputa verbal rapidamente se transformou em conflito físico e, logo em seguida, em troca de tiros.
A Polícia Militar interveio com força desproporcional. Segundo testemunhas, soldados chegaram a se ajoelhar para atirar contra a multidão. Entre os mortos estavam Rubens de Souza Costa, bancário espancado por policiais; José Ferreira dos Santos, mecânico alvejado durante o tumulto; e Oscar Coutinho, técnico que instalava elevadores nos Correios, morto por bala perdida.
A tragédia — que ficou conhecida como Chacina da Praça da Bandeira — gerou repercussão em todo o estado. O então presidente do PSB em Campina, Aluísio Campos, afirmou: “Jamais sofri tamanho desapontamento. Nunca testemunhara facínoras fardados investirem de modo tão selvagem sobre o povo para matá-lo friamente.”
O episódio ocorreu num Brasil que saía do Estado Novo e ainda enfrentava dificuldades para consolidar a democracia. Mais do que uma lembrança amarga, a chacina representa um alerta permanente contra a intolerância política e o autoritarismo — um passado que ainda reverbera no presente.
Foto: Reprodução / Retalhos Históricos de Campina Grade