Política

Lula critica Hugo Motta por derrubada do IOF e diz que Congresso favorece interesses econômicos

Presidente afirma que decisão da Câmara descumpriu acordo e defende recurso ao STF: “Cada macaco no seu galho”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente a postura do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), após a derrubada do decreto presidencial que aumentava as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A declaração foi feita durante entrevista à TV Bahia, nesta quarta-feira (2), e repercutiu em rede nacional pelo programa Arapuan Verdade.

Lula acusou o Congresso de agir em benefício de pequenos grupos econômicos em detrimento da maioria da população brasileira.

“Nós estamos querendo que 140 mil pessoas paguem uma parcelinha a mais para beneficiar 10 milhões de brasileiros”, afirmou o presidente, ao defender o aumento do IOF.

Segundo Lula, Hugo Motta descumpriu um acordo firmado com o governo federal sobre medidas compensatórias. A decisão de pautar a votação foi comunicada pelo deputado paraibano horas antes, por meio de suas redes sociais.

“Se eu não entrar com um recurso no Judiciário, ou seja, eu não governo mais o país. Esse é o problema. Cada macaco no seu galho. Ele [Congresso] legisla, e eu governo”, criticou Lula.

🔹 Entenda o impasse

O decreto elaborado pelo Ministério da Fazenda previa aumento do IOF sobre operações de crédito, seguros e câmbio. A medida foi uma tentativa de equilibrar as contas públicas, evitar cortes em políticas sociais e corrigir distorções tributárias, segundo o governo.

Mesmo com o envio de uma medida provisória que aumentava tributos sobre apostas e investimentos isentos — além de prever cortes de R$ 4,28 bilhões em despesas obrigatórias — o Congresso derrubou o decreto do IOF.

A reação do Planalto foi imediata. A Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou nesta terça-feira (1º) uma Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar restabelecer o decreto. O relator será o ministro Alexandre de Moraes.

🔹 Lula defende justiça fiscal

Durante o pronunciamento, Lula voltou a criticar a proposta de desvincular os pisos constitucionais da saúde e da educação e propôs cortes nos benefícios fiscais, em vez de cortes sociais.

“Você sabe quanto se deixa de pagar imposto neste país? R$ 860 bilhões. Se cortar 10% linear, ainda sobra muito. Quem tem gordura precisa fazer uma bariátrica para ajudar quem mais precisa”, ironizou.

🔹 Reação e apaziguamento

Apesar das críticas, o presidente sinalizou que pretende retomar o diálogo político com os presidentes das Casas Legislativas:

“Quando eu voltar [da viagem ao exterior], vou conversar tranquilamente com Hugo, com o Davi [Alcolumbre] e vamos voltar à normalidade política”, disse.

Lula está em Salvador (BA) para os atos comemorativos da Independência do Brasil na Bahia e, ainda hoje, seguirá para Buenos Aires, onde participará da Cúpula do Mercosul nesta quinta-feira (3). Em seguida, viaja ao Rio de Janeiro, para presidir a Cúpula do BRICS.

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