Bancos começam a cruzar dados do Pix com Receita Federal para combater fraudes
Nova regra do Banco Central entra em vigor nesta terça (1º) e pode levar à exclusão de até 1% das chaves Pix com irregularidades cadastrais

A partir desta terça-feira (1º), instituições financeiras passam a cruzar os dados das chaves Pix com os registros da Receita Federal para reforçar a segurança do sistema de transferências instantâneas. A medida, anunciada em março pelo Banco Central (BC), tem como principal objetivo coibir fraudes, como o uso de CPFs de pessoas falecidas ou com cadastro irregular.
A nova verificação atinge apenas 1% das mais de 600 milhões de chaves Pix registradas até hoje, segundo estimativas do BC. A medida corrige um problema recorrente: chaves vinculadas a nomes que não batem com os dados da Receita, o que tem sido explorado por criminosos para dificultar o rastreamento de transações.
O que muda?
A partir de agora, bancos e instituições de pagamento devem verificar as informações sempre que houver movimentações nas chaves Pix — como registro, alteração de dados, portabilidade ou disputa de posse. Caso o CPF ou CNPJ vinculado esteja em situação irregular, a chave será excluída.
Entre os principais motivos para exclusão de chaves estão:
Para pessoas físicas:
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4,5 milhões com grafia inconsistente
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3,5 milhões pertencentes a pessoas falecidas
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30 mil com CPF suspenso
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20 mil com CPF cancelado
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100 com CPF nulo (fraude ou erro grave)
Para pessoas jurídicas:
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984 mil com CNPJ inapto
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651 mil com CNPJ baixado
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33 mil com CNPJ suspenso
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CNPJs nulos não tiveram número divulgado
A exclusão das chaves com problemas deve começar oficialmente em julho.
Fake news desmentidas
O Banco Central esclareceu que a medida não tem relação com inadimplência ou dívidas tributárias. Ou seja, quem deve impostos ou está com o nome sujo não será afetado. A medida é restrita a inconsistências cadastrais junto à Receita Federal.
Outras mudanças no sistema
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Chaves aleatórias: não poderão mais ser alteradas. Se for necessário atualizar dados, o usuário precisará excluir e criar uma nova chave.
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Chaves de e-mail: desde abril, não podem mais ser transferidas de um titular para outro.
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Chaves de celular: continuam podendo ser migradas, por conta da alta rotatividade de números, especialmente em linhas pré-pagas.
Por que isso importa?
A ação busca fortalecer a segurança do Pix e evitar seu uso por organizações criminosas. Ao impedir o uso de dados falsos ou desatualizados, o Banco Central pretende tornar o sistema mais transparente e confiável, reduzindo os riscos de fraudes que dificultam a identificação de autores e o rastreamento de transações suspeitas.