Mais do que fogueiras e forró, o São João é uma verdadeira celebração da identidade nordestina — e a gastronomia é um dos pilares mais marcantes dessa festa. No Parque do Povo, coração das festividades em Campina Grande, os sabores típicos ganham destaque, conectando passado e presente através da culinária.
Entre os pratos mais procurados, estão os clássicos que não podem faltar na mesa junina: canjica, mungunzá, pamonha doce, bolo de milho e queijos artesanais. Feitos com ingredientes simples e carregados de simbolismo, esses alimentos despertam memórias afetivas e familiares.
É o que conta Cleislandia Bezerra, visitante da cidade de Pocinhos. “No meu São João não pode faltar pamonha. Cada mordida traz um pedacinho da infância de volta”, diz, emocionada. Sua fala traduz o sentimento de muitos: comer é reviver.
Mas se a tradição se mantém firme, a criatividade também tem espaço. Releituras como o pastel de cuscuz com queijo coalho e nata ou a coxinha de cuscuz vêm conquistando o paladar dos mais curiosos. “Pensamos: por que não um pastel de cuscuz? Fizemos. O pessoal provou e virou um sucesso”, afirma Clarice Bazante, proprietária do Pastel da Liberdade. No seu estande, também brilham pratos como o “dengo cremoso” — creme de paçoca gourmet com queijo coalho assado na chapa.
“Inovar é uma forma de manter a cultura viva. Os clientes se encantam com o novo, mas valorizam o que é da nossa terra”, acrescenta Clarice.
Na contramão das inovações, Maria Paula Ferreira apostou nos sabores tradicionais em sua primeira participação no evento. “Percebi que havia poucas barracas focadas nas comidas típicas. Trouxe canjica e mungunzá e eles viraram campeões de venda”, comemora.
A experiência gastronômica no Parque do Povo, portanto, vai além do paladar: alimenta a memória, os afetos e reafirma, a cada mordida, a força da cultura nordestina. Entre o resgate de receitas antigas e a ousadia de novos sabores, a culinária junina se mostra viva, pulsante e sempre surpreendente.
📸 Fotos: Rian Tavares
✍️ Texto: Nayara Rocha e Clara Santos
🖋️ Edição: Mariana Cantalice
