Brasil

A Verdade sobre o EscĂąndalo do INSS

Imagine descobrir que hĂĄ mais de 30 anos sua aposentadoria estĂĄ sendo saqueada por mĂŁos invisĂ­veis. Que, todos os meses, um valor silenciosamente some do seu benefĂ­cio. E que, por trĂĄs disso, nĂŁo estĂĄ um hacker ou uma fraude isolada — mas uma estrutura institucionalizada, com CNPJ, carimbo oficial, assinatura digital e o aval de quem deveria te proteger. Agora, imagine que o Ășnico presidente que tentou colocar fim a isso Ă© justamente quem a esquerda estĂĄ tentando acusar.

Essa Ă© a verdade brutal por trĂĄs do escĂąndalo que estourou no INSS. A mĂ­dia repete, como um mantra: “a fraude começou em 2019”. Mas o que eles nĂŁo te contam — e o que muda tudo — Ă© que 2019 foi o ano em que Jair Bolsonaro tentou parar essa mĂĄquina de desvio. Logo nos primeiros meses de governo, ele assina a Medida ProvisĂłria 871, que rapidamente Ă© convertida na Lei 13.846/2019. Essa lei criou filtros inĂ©ditos contra abusos nos descontos associativos. Pela primeira vez, exigir autorização expressa, confirmar vĂ­nculo real e auditar convĂȘnios virou regra.

Durante trĂȘs anos, o esquema, que vinha crescendo desde os anos 90 sob governos anteriores, foi travado. Sim, travado. Os sanguessugas foram contidos. A torneira foi parcialmente fechada. Mas o sistema nĂŁo esquece, nem perdoa. Em 2022, jĂĄ no final do governo Bolsonaro, o Congresso — pressionado por bancadas sindicais e entidades interessadas — derruba os principais dispositivos da lei. E quando o novo governo assume em 2023, nĂŁo apenas nĂŁo restabelece os filtros, como mantĂ©m os convĂȘnios e permite que o esquema avance em escala industrial.

A bomba explode em 2025. Estimam R$ 6,3 bilhĂ”es desviados nos Ășltimos cinco anos. Mas isso Ă© sĂł a crista da onda. Um cĂĄlculo conservador — com base no crescimento real do esquema desde 1995 — revela algo muito pior: o rombo acumulado pode ultrapassar R$ 56 bilhĂ”es. Isso mesmo. Mais de cinquenta e seis bilhĂ”es de reais drenados, em trinta anos, dos aposentados brasileiros. E tudo isso sem que a maioria sequer soubesse que estava pagando uma mensalidade para uma associação da qual nunca ouviu falar.

E o mais perverso? Agora tentam convencer o povo de que Bolsonaro foi o culpado. O Ășnico que tentou parar tudo. O Ășnico que, por escrito, assinou uma Medida ProvisĂłria, converteu em lei, e enfrentou o sistema. NĂŁo hĂĄ um indĂ­cio de que ele tenha participado, facilitado ou ignorado a fraude. Ao contrĂĄrio: ele bateu de frente. Mas como ousou desafiar o sistema, tornou-se alvo do prĂłprio sistema. Hoje, querem que vocĂȘ acredite que o incĂȘndio começou no momento em que o bombeiro chegou com o extintor.

Essa inversĂŁo de culpa Ă© a tĂĄtica preferida de uma elite burocrĂĄtica que nunca viveu da verdade, mas do controle da narrativa. Eles sabem que o povo esquece rĂĄpido, que manchetes moldam julgamentos, e que repetir uma mentira basta para transformĂĄ-la em “versĂŁo oficial”. Mas nĂŁo desta vez.

O que temos diante de nĂłs nĂŁo Ă© apenas um escĂąndalo. É uma revelação de como o Brasil foi lentamente assaltado por dentro do prĂłprio Estado, por dĂ©cadas. De como o silĂȘncio institucional virou cĂșmplice, de como a indignação seletiva da mĂ­dia poupa os amigos e crucifica os opositores, e de como o sistema preferiu retomar a corrupção do que admitir que alguĂ©m fora da engrenagem poderia ter acertado.

NĂŁo, o esquema nĂŁo começou em 2019. O que começou em 2019 foi uma tentativa de libertação. E o que temos agora Ă© a prova de que quando um governo tenta enfrentar a podridĂŁo do sistema, ele se torna o inimigo nĂșmero um dos que sempre lucraram com ela. O rombo existe, sim. Mas o verdadeiro escĂąndalo Ă© o esforço coordenado para atacar quem tentou impedir — e proteger quem deixou continuar.

O edifĂ­cio-sede do INSS, em BrasĂ­lia — Foto: Rafa Neddermeyer/AgĂȘncia Brasil

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