📺 Lula assina decreto da TV 3.0: nova geração da televisão aberta aposta em interatividade e integração com a internet
Tecnologia permitirá compras pelo controle remoto, acesso a serviços públicos e promete reconquistar espaço diante dos serviços de streaming

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta quarta-feira (27), no Palácio do Planalto, o decreto que regulamenta a TV 3.0 — nova geração da televisão aberta e gratuita brasileira. A tecnologia promete transformar a experiência de assistir TV ao integrar internet à transmissão tradicional, com mais qualidade de som e imagem, interatividade e novas possibilidades de receita para as emissoras.
De acordo com o Ministério das Comunicações, a TV 3.0 posiciona o Brasil na vanguarda da radiodifusão mundial. O sistema adotado será o ATSC 3.0, padrão internacional já recomendado pelo Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), responsável pela evolução tecnológica do setor.
A mudança permitirá, por exemplo, que o telespectador acesse conteúdos sob demanda, participe de votações ao vivo, receba alertas de emergência, interaja com a programação e até realize compras diretamente pela TV — o chamado T-commerce.
TV aberta em destaque nas Smart TVs
Diferente das Smart TVs atuais, onde os aplicativos de streaming dominam a primeira tela, a TV 3.0 deve reinserir os canais abertos em posição de destaque, com ícones próprios e acesso rápido, além de manter a funcionalidade tradicional de troca rápida entre canais.
“Essa nova experiência devolve visibilidade à TV aberta e integra a cultura do zapeamento com recursos modernos como personalização e serviços digitais”, explica o professor Marcelo Moreno, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e especialista em TV digital.
Retomada do protagonismo frente ao streaming
Para especialistas, a nova tecnologia pode representar a retomada do protagonismo da TV aberta, que perdeu espaço para plataformas como Netflix e YouTube. Segundo o engenheiro Guido Lemos, da UFPB, a nova interface permitirá que a televisão recupere espaço nas residências, especialmente nas classes mais altas, onde o consumo de streaming já superou o da TV tradicional.
Campo público e governo digital
A TV 3.0 também será um novo canal de integração entre o governo e a população. O decreto prevê a criação da Plataforma Comum de Comunicação Pública, que reunirá canais como TV Brasil, Canal Gov e TV legislativas em aplicativos acessíveis mesmo em regiões sem sinal de antena, desde que haja conexão à internet.
“Mais de 50% dos televisores brasileiros já estão conectados à internet. Isso permitirá o acesso a conteúdo público, serviços do governo digital e mais inclusão”, destaca Carlos Neiva, da Associação Brasileira de Televisões e Rádios Legislativas (Astral).
Desafios: custo e conectividade
Apesar do avanço, dois grandes desafios estão no horizonte: o custo de migração das emissoras (como aquisição de novos transmissores) e a compra de conversores pelas famílias. Além disso, a universalização do acesso à internet de qualidade ainda é um obstáculo.
De acordo com o Cetic.br, apenas 22% da população brasileira com 10 anos ou mais tem conectividade significativa — índice que cai para 3% entre os mais pobres (classes D e E) e 11% no Nordeste.
Previsão para estreia
O cronograma de implantação será gradativo, começando pelas grandes cidades, como ocorreu com a TV digital. A expectativa é que parte da população já possa assistir à TV 3.0 durante as transmissões da Copa do Mundo de 2026.